A engenheira Marita Arêas de Souza Tavares, ex-aluna e Doutora Honoris Causa da UNIFEI, faleceu em Belo Horizonte - MG, na tarde de 04 de setembro. SECOM - UNIFEI.

Na tarde do último dia 04 de setembro, quarta-feira, faleceu em Belo Horizonte – MG, a engenheira Marita Arêas de Souza Tavares, ex-aluna e Doutora Honoris Causa da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).

Na capital mineira, seu corpo foi velado no dia 05 de setembro das 9 às 13 horas, na sala Phoenix do Funeral House. Em Itajubá, o velório aconteceu das 8 às 11 horas, na sexta-feira, dia 06, no Salão de Atos do Complexo Histórico e Cultural (CHC) da UNIFEI, na região central da cidade, e seu enterro foi realizado no Cemitério Paroquial, às 11h30 do mesmo dia.

Trajetória

Nascida em Cachoeira de Minas – MG, em 11 de dezembro de 1938, Marita Arêas de Souza Tavares, estudou Engenharia no então Instituto Eletrotécnico de Itajubá (IEI), de 1958 a 1962, quando se diplomou com habilitação para atuar como engenheira eletricista, mecânica e civil.

De 1963 a 1968, trabalhou na Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA), em Cubatão – SP, onde ocupou o cargo de chefe da Divisão de Projetos. De 1968 a 1977, como autônoma, exerceu a função de engenheira certificante da Delegacia da Receita Federal em Santos – SP, atuando no Porto da cidade na emissão de laudos técnicos de adequação às tarifas aduaneiras de equipamentos importados.

Entre 1977 e 1982, foi gerente regional, em Brasília – DF, da Main Engenharia empresa de projetos e consultoria sediada em São Paulo, na coordenação de contratos com a Eletronorte, CEB e outras concessionárias do Distrito Federal e do Estado de Goiás, de projeto, gerenciamento e comissionamento de subestações e linhas de transmissão.

De 1982 a 1989, trabalhou na Engenharia Projeto Consultoria Ltda. (EPC), em Belo Horizonte, inicialmente no Departamento de Projetos Elétricos e, depois, no cargo de superintendente, tendo assumido o cargo do diretor administrativo-financeiro na ausência de seu titular. Desde 1989, pelo período de dez anos, atuou como diretora sócia-proprietária da Multi Engenharia e Consultoria Ltda.

Marita foi fundadora e primeira presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas, Departamento de Minas Gerais (ABEE-MG). Na Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), foi membro da Diretoria em várias gestões, vice-presidente, coordenadora do Conselho de Defesa Profissional, coordenadora da Comissão de Educação em Engenharia e vice-presidente do Conselho Deliberativo. Na Federação Brasileira de Engenharia (FEBRAE), sediada no Rio de Janeiro, foi membro representante da SME.

No Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (CREA-MG), foi chefe de Gabinete da Presidência e presidente da Comissão de Licitações, no ano de 1993. Como conselheira em várias gestões desde 1994 e até 2013, também representando a SME, foi coordenadora da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica, membro da Comissão de Ética e ocupou o cargo de vice-presidente do Conselho. Ao ser instituída a Câmara de Arbitragem de Minas Gerais (CAMARB) em 1999, teve seu nome indicado pelo CREA-MG e a inscrição como membro desta Câmara.

Participou ativamente da Associação dos Diplomados da Universidade Federal de Itajubá (AD-UNIFEI), desde 1963, tendo sido fundadora dos núcleos de Santos e Brasília e diretora da Regional Belo Horizonte, além de vice-presidente e presidente da AD-UNIFEI-Nacional. Também foi membro do Conselho Curador e Deliberativo da Fundação Theodomiro Santiago (FTS) e vice-presidente do Fórum de Mulheres do Mercosul no Brasil.

Títulos e condecorações

Em 5 de novembro de 1998 recebeu, em Belo Horizonte, o “Diploma de Profissional do Ano”, pela Companhia Mineira de Eventos e Pesquisa. Também foi condecorada pela Asociaciòn Civil La Mujer y el V Centenario da América y Venezuela, com a “Medalla de Honor Encuentro de Dos Mundos”, pela contribuição às pesquisas, além de ser coautora do livro “Mulher – Cinco Séculos de Desenvolvimento na América – Capítulo Brasil”.

Em 17 de novembro de 2007 foi agraciada com a “Medalha Theodomiro Santiago”, concedida pela FTS, em reconhecimento pela atuação em várias iniciativas da AD-UNIFEI e da UNIFEI.

Em 23 de novembro de 2019, foi agraciada com a outorga do título de Doutora Honoris Causa pelos relevantes serviços prestados à UNIFEI.

Patronesse

Marita também foi patronesse de turmas de formandos da Instituição de julho de 1997 e dezembro de 2006, em Itajubá, e na colação de grau dos formandos do 2º semestre de 2023 da UNIFEI Campus de Itabira, realizada em 23 de fevereiro deste ano.

Em seu discurso durante a cerimônia neste ano em Itabira, ela falou de sua emoção pela homenagem que recebia ao ter sido convidada para patronesse da turma, “talvez como reconhecimento pelo amor e dedicação à nossa Instituição e à preservação de sua memória”, bem como da sua emoção ao reviver a mesma cena da qual tinha participado havia mais de seis décadas.

 A patronesse deixou aos novos graduados alguns indicativos que pudessem ser lembrados complementarmente a tudo que já lhes tinha sido ensinado, entre os quais destacou: “Recomendo-lhes ostentar com muito orgulho a profissão escolhida por vocês, com a consciência de que a Engenharia e a Tecnologia, presentes em tudo que se relaciona com o universo e a vida humana, são, cada vez mais, elementos determinantes do crescimento econômico do País. E também, o orgulho de se identificarem onde quer que estejam, como egressos da UNIFEI”.

Homenagem da Reitoria da UNIFEI

“Marita: é assim chamada por todos.

Formada pelo Instituto Eletrotécnico de Itajubá (IEI), com a matrícula número 1196, no ano de 1962, Marita Arêas de Souza Tavares foi a quarta mulher a se formar em uma instituição sempre dominada por homens.

Marita para todos não é apenas uma ex-aluna e sim uma “AMIGA” e parte fundamental para a continuidade da hoje Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), pois sempre esteve presente, atenta e sabendo de tudo que acontecia e abrangia a nossa Instituição.

Falar de MARITA é falar de uma MULHER que comporta quatro adjetivos, Mestre, Exemplo, Referência e Eterna.

O que fez e faz em prol do nosso IEMI / IEI / EFEI / UNIFEI é de um valor que se mede com atos e com palavras.

Não se faz um trilho sem a “mente” de nossa mestre.

Hoje podemos referenciar a pessoa MARITA como um marco, uma página que não acaba, e sim se inicia dia a dia.

Não haverá o preenchimento da lacuna, sabido que ela é ícone entre todas as ‘ex-alunas’.

Não se fala na feminilidade dentro da UNIFEI sem ter a base MÃE, a mentora de grandes conquistas e realizações.

Agradecer sim, esquecer jamais, pois não se esquece quem muito ensinou e plantou.

Suas sementes estarão sempre aqui, brotando em cada ano, frutificando em cada temporada”.

Homenagem do CHC da UNIFEI

O coordenador do Complexo Histórico e Cultural (CHC) da UNIFEI, Paulo César Gonçalves, em nome da UNIFEI, apresentou uma nova homenagem que será feita a sua amiga de longa data:

“Como forma de eternizar a grande MARITA ARÊAS DE SOUZA TAVARES, a biblioteca do ex-aluno, que fica instalada no Complexo Histórico e Cultural (antigo Prédio Central), passará a ter a nomenclatura Acervo Eterno “Marita Arêas de Souza Tavares”, ficando assim, por páginas e páginas, o agradecimento por uma das mais emblemáticas ex-alunas da Instituição”.

Homenagem da AD-UNIFEI e da FTS

 “A AD-UNIFEI e a FTS prestam homenagem à engenheira Marita Arêas de Souza Tavares, ex-aluna da turma de 1962 e uma das figuras mais emblemáticas da nossa Universidade.

Estimada ex-presidente da Associação de Diplomados, colega, amiga, apoiadora incansável de nossas causas, inúmeras vezes homenageada e, mesmo assim, merecedora de muito mais, Marita foi um exemplo de mulher desbravadora, guerreira e defensora de nossa querida Universidade, a qual amou como ninguém.

Seja como IEI ou EFEI ou UNIFEI, ela sempre levantava, orgulhosa, a bandeira de nossa casa, organizando encontros de turma, dirigindo a regional BH, como conselheira no CREA ou onde estivesse presente.

Não temos palavras para expressar a grandeza de nossa querida Marita e manifestamos nossa mais profunda admiração pela sua dedicação, comprometendo-nos a honrar sua memória, mantendo-a como fonte de inspiração para o futuro”.

Homenagem dos projetos de competição tecnológica

A equipe Uai!rrior, em nome de todos os Projetos Acadêmicos de Competição Tecnológica da UNIFEI, deixou registrada sua homenagem à engenheira Marita:

“A Marita foi uma mulher de grande força e inspiração para a equipe Uai!rrior e toda a comunidade da UNIFEI. Temos o orgulho de carregar suas iniciais, M.T., em nosso representante de 27,2 Kg, que ostenta esse nome desde 2012, ano em que nossa trajetória com Marita começou.

Um membro da equipe daquela época relatou:

‘Sem Marita, não haveria Federal, não teríamos conseguido participar da RoboGames, não existiria o Black Dragon ou a BattleBots. Nossa história, tanto da Uai!rrior quanto dos membros que fizeram parte da equipe após 2012, foi profundamente impactada pela ajuda de Marita.’

Em reconhecimento a essa história, o nome de Marita ficará eternizado em nossa equipe, especialmente no nome do nosso maior campeão, o Federal M.T. Nós, da equipe Uai!rrior, seremos eternamente gratos à Marita por todo o apoio e carinho dedicados a nós.”

Artigo sobre engenheiros de Itajubá

A engenheira Marita escreveu o artigo “A marcha para o Oeste – A história dos jovens engenheiros de Itajubá que trabalharam na construção de Brasília”, veiculado nas páginas 10 a 15 da edição nº 42, de janeiro-outubro de 2020, na Revista Mineira de Engenharia, apresenta a experiência de engenheiros formados pela Instituição durante a construção da atual capital federal do país.

Marita Tavares, então vice-presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), responsável pela edição da revista, iniciava seu texto, informando que em agosto de 1956, os estudantes do quarto ano de Engenharia e uma equipe de professores do então Instituto Eletrotécnico de Itajubá (IEI), atual UNIFEI, chegaram no local onde hoje está a cidade de Brasília entre os primeiros desbravadores da região, atendendo ao convite do governador do Estado de Goiás, Ludovico de Almeida, por sugestão do então secretário dos Negócios da Fazenda, José Peixoto da Silveira, para elaborar estudos e anteprojeto hidrelétrico de aproveitamento da cachoeira do rio Paranoá.

O artigo completo de Marita Tavares pode ser conferido em: https://conexaoitajuba.com.br/ex-aluna-da-unifei-escreve-sobre-engenheiros-de-itajuba-que-trabalharam-na-construcao-de-brasilia/