A barragem Sul Superior, localizada na Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), que estava em nível máximo de emergência, teve o seu nível reduzido de 3 para o nível 2 no Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração (SIGBM) da Agência Nacional de Mineração (ANM), nesta segunda-feira (26).
A redução foi possível devido à realização de novas investigações geotécnicas, ampliação dos instrumentos de monitoramento e evolução de estudos que permitiram maior conhecimento da real condição de estabilidade da estrutura.
Além disso, contribuiu para o aumento da segurança da estrutura, o avanço das obras de descaracterização com a remoção de até o momento de cerca de 900 mil metros cúbicos, o que corresponde a cerca de 13% do total a ser retirado, bem como melhorias na drenagem superficial do seu reservatório e a redução do aporte de água para a barragem.
Destaca-se que o trabalho de remoção de rejeitos do reservatório da Sul Superior avança com o uso de equipamentos operados por controle remoto, ou seja, máquinas como tratores e escavadeiras são operados à distância.
“Todo o trabalho é possível devido ao desenvolvimento de tecnologias inovadoras. Foi utilizado de forma inédita um equipamento que permite a sondagem remota, o deep drive, importado da Holanda, que possibilitou a realização de investigações geotécnicas de forma remota garantindo a segurança dos trabalhadores envolvidos”, explica Adriana Bandeira, diretora de Descaracterização de Barragens e Projetos Geotécnicos.
Em 2019, a barragem Sul Superior entrou em nível máximo de emergência com o objetivo principal de garantir a segurança da comunidade próxima à estrutura. Desde então, avanços são realizados para maior compreensão técnica da barragem e todos os esforços são empenhados na eliminação da estrutura. Foram desenvolvidas novas investigações geotécnicas, aumento de mais de 50% do número de equipamentos de monitoramento da barragem – que saltou de 72 para 109 -, construção de um Núcleo de Monitoramento Geotécnico local na mina de Gongo Soco e novos levantamentos topográficos. Cerca de R$ 80 milhões foram investidos em estudos e análises sobre a condição de estabilidade da estrutura.
A previsão é de que as obras sejam concluídas em dezembro de 2029, com a remoção total dos rejeitos e a recuperação ambiental da área. A barragem possui Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ) com Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) vigente e capaz de, em caso de uma eventual ruptura, reter todo o rejeito da barragem.
A redução de nível de emergência da barragem Sul Superior foi realizada pela Agência Nacional de Mineração (ANM), e comunicada aos órgãos competentes, conforme as diretrizes estabelecidas no Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) da estrutura e na legislação vigente, incluindo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a auditoria técnica que acompanha os trabalhos na estrutura.
Descaracterização, gestão e segurança de barragens
A eliminação de estruturas construídas a montante é um compromisso assumido pela Vale logo após o rompimento da barragem B1, em Brumadinho, além de atender às legislações federal e estadual vigentes sobre segurança de barragens. Desde 2019, a Vale investiu cerca de R$ 8,5 bilhões no Programa de Descaracterização de Estruturas a Montante.
Todas as estruturas a montante da Vale no Brasil estão inativas e são monitoradas 24 horas por dia pelos Centros de Monitoramento Geotécnico (CMGs) da empresa. As soluções de eliminação são customizadas para cada estrutura e estão sendo realizadas de forma cautelosa, tendo como prioridade, sempre, a segurança das pessoas, a redução dos riscos e os cuidados com o meio ambiente.
As ações implementadas para descaracterização são objeto de avaliação e acompanhamento contínuo de equipes técnicas independentes, bem como pelos órgãos reguladores competentes.
Das 30 estruturas contempladas no Programa, 14 já foram eliminadas e a meta é não ter nenhuma estrutura em nível máximo de emergência até 2025.
Além disso, a Vale aderiu ao Padrão Global da Indústria para a Gestão de Rejeitos (GISTM), que tem o objetivo de garantir dano zero às pessoas ou ao meio ambiente em torno das barragens durante todo seu ciclo de vida, do projeto até seu fechamento. Lançado em 2020, a partir de uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI) e do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), foi o primeiro padrão global do setor mineral e um marco mundial para a segurança de barragens.
Informações sobre a gestão de barragens da Vale estão disponíveis em www.vale.com/barragem.
Famílias evacuadas e ações de reparação
Apesar da melhoria das condições de estabilidade da barragem Sul Superior, a Zona de Autossalvamento (ZAS) da estrutura, em nível 2 de emergência, deve permanecer evacuada de acordo com a legislação vigente, não havendo retorno das famílias neste momento.
As famílias que precisaram deixar suas casas preventivamente após a elevação do nível de emergência da estrutura, e que não concluíram o seu processo de indenização, seguirão em moradias temporárias, com as despesas fixas custeadas pela Vale, até a conclusão das obras de eliminação da barragem.
Enquanto os trabalhos de descaracterização avançam, ações de reparação e fortalecimento dos serviços públicos municipais correm em paralelo, como forma de compensar os impactos causados à comunidade local. Nesse sentido, a Vale firmou, em agosto de 2023, acordo no valor de R$ 527 milhões para ações de reparação e compensação no Município de Barão de Cocais. O acordo contempla programas relacionados a transferência de renda, requalificação do turismo e cultura, segurança, fortalecimento do serviço público municipal e demandas das comunidades atingidas.