No início da madrugada desta sexta-feira, as autoridades policiais, tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar, encontraram quatro corpos que supostamente pertenciam aos suspeitos do tiroteio que resultou na morte a tiros de três médicos em um quiosque localizado na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
De acordo com informações das investigações, os corpos dos suspeitos foram encontrados em dois locais distintos da zona oeste. Na região de Gardênia Azul, um corpo foi encontrado no porta-malas de um veículo, enquanto nas proximidades do centro de convenções Riocentro, outros três corpos estavam em outro veículo.
De acordo com a denúncia à polícia, as vítimas seriam membros de uma organização criminosa na Gardênia Azul, conhecidos pelos apelidos Ryan, Preto Foso, BMW e Phillip Motta Pereira, este último conhecido como Lesk. Exames periciais serão conduzidos para confirmar as identidades dos falecidos.
A polícia está investigando se esses indivíduos foram mortos por engano devido à semelhança física com Taillon de Alcantara Pereira Barbosa, de 26 anos, que foi acusado pelo Ministério Público estadual de fazer parte da milícia de Rio das Pedras. As milícias são grupos criminosos que exploram atividades comerciais locais e cobram taxas de segurança ilegais sob coerção.
Além da semelhança física, Taillon reside a apenas 220 metros do quiosque Nana 2, onde ocorreu o assassinato dos médicos na orla da Barra da Tijuca. Ele havia obtido liberdade condicional em 26 de setembro.
Segundo informações divulgadas pela Folha de S.Paulo, a polícia está investigando se membros do Comando Vermelho executaram os membros da narcomilícia envolvidos no assassinato dos médicos, após tomarem conhecimento de que esses criminosos haviam atirado em pessoas inocentes, gerando grande repercussão nacional.
A narcomilícia surgiu na região a partir de 2021, após uma divisão interna na milícia local. Com seu enfraquecimento, Lesk, o miliciano, buscou apoio dos traficantes da Cidade de Deus, zona oeste, estabelecendo uma aliança entre os ex-integrantes da milícia e o tráfico, criando o que a polícia denomina como narcomilícia na Gardênia. Essa nova organização é liderada tanto por milicianos locais quanto por traficantes da facção Comando Vermelho, que têm como base os complexos da Penha e do Alemão.
Logo após o tiroteio que resultou na morte dos médicos, os criminosos teriam fugido para o bairro Cidade de Deus. A polícia está investigando se houve algum tipo de julgamento informal conduzido pelo tráfico na Penha, resultando na sentença de morte para os envolvidos.
Um investigador sugere que o objetivo do tráfico seria evitar operações policiais em favelas controladas pela facção. O caso continua sob investigação.
O crime ocorreu por volta da 1h, em frente ao Windsor Hotel, uma área nobre do bairro. A ação foi registrada pelas câmeras de segurança e durou apenas 27 segundos. Nas imagens, os quatro médicos estavam sentados em uma mesa do quiosque quando três homens, vestidos de preto, saíram de um carro branco estacionado do outro lado da rua e começaram a atirar no grupo.
Após atirarem nos quatro ocupantes da mesa, os criminosos voltaram correndo para o veículo e partiram sem roubar nada. As imagens também mostram que outros clientes do quiosque testemunharam o ataque e fugiram para evitar serem feridos.
Uma testemunha que estava no quiosque e prestou depoimento afirmou que não houve tentativa de assalto antes dos disparos. Os celulares dos médicos foram apreendidos e passarão por perícia. Não foi divulgado se algum deles havia recebido alguma ameaça anteriormente.