Cris Mattos / FMF

Com objetivo de mapear a prática de futebol por mulheres nas escolas públicas e privadas, times, organizações ou associações, e saber quais os campeonatos são promovidos nas modalidades futsal e futebol de campo, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese-MG), por meio da Subsecretaria de Esportes (Subesp), iniciou pesquisa de monitoramento junto aos gestores esportivos municipais mineiros. 

A Sedese encaminhou, nesta quarta-feira (27/9), via e-mail, um questionário com 14 perguntas para os 853 municípios mineiros, com prazo de 93 dias para que seja respondido, a fim de observar o que vem sendo desenvolvido nas modalidades pelo estado. Aqueles municípios que responderem vão garantir pontos no ICMS Esportivo para o ano base de 2024. 

“Esta pesquisa é importante para que possamos mapear a prática esportiva voltada para as mulheres. Por isso contamos com a colaboração de cada gestor municipal ligado ao tema. Isso vai nos ajudar a entender a participação das mulheres na vida esportiva dos municípios, e, ao mesmo tempo, vai nos ajudar a construir estratégias para promover a igualdade de gêneros no nosso estado”, destacou Soraya Romina, subsecretária de Políticas dos Direitos das Mulheres. 

Esta é a segunda parte da pesquisa, que pretende descobrir o que é feito com foco na realidade de cada município. A primeira parte, que visa saber sobre o conhecimento local a respeito de cada modalidade, vem sendo realizada nas edições do Fórum de Temáticas Esportivas (Forte). Já foram realizados dez encontros nas Diretorias Regionais da Sedese e outros cinco estão previstos para este ano. 

Objetivo 

A proposta de geração de dados estatísticos sobre a prática de futebol e futsal por mulheres em Minas Gerais tem como base o Decreto Federal 11.458, que institui a Estratégia Nacional para o Futebol Feminino. O objetivo do decreto é promover condições favoráveis para o desenvolvimento do futebol feminino profissional e amador no país, incentivando o estabelecimento de mecanismos efetivos de desmobilização de comportamentos intolerantes ou violentos contra as meninas e as mulheres nos estádios de futebol ou fora deles. 

“O desenvolvimento do futebol feminino foi prejudicado por inúmeros fatores sociais que se acumularam ao longo dos anos. Além da perda técnica, observada nas atletas, e organizacional, nos calendários, essa realidade tem nos levado a situações extremas de preconceito e violência nos ambientes e praças que recebem jogos e torcedores da modalidade”, afirmou Nina de Abreu, assessora de gabinete da Sedese e propositora da pesquisa. 

Segundo o relatório “Movimento é Vida”, do Programa Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a prática de atividades esportivas por mulheres no Brasil é 40% inferior aos homens, o que também interfere na condição da categoria que chegou a ser proibida no país entre os anos de 1967 e 1979. No geral, a história do esporte no Brasil nos mostra a significativa divisão dos incentivos, apoios, visibilidade e relações de poder dados a homens e mulheres. 

“Com essa pesquisa vamos conseguir dar início a uma mudança nesta perspectiva, e a partir dela vamos dar ainda mais espaço para as mulheres jogarem e se divertirem com o futebol, uma paixão nacional sem gênero”, completou Soraya.