Crédito/Foto: Willian Dias

A Rodovia Fernão Dias, que liga Belo Horizonte a São Paulo, vai ganhar novos radares de velocidade, para evitar acidentes em pontos críticos. A informação foi prestada por representantes da Arteris, concessionária que administra a rodovia, aos deputados da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (12/9/23).

Publicidade

Foram identificados 32 pontos com altos índices de acidentes na Fernão Dias (o trecho sul da BR-381), que receberão esses equipamentos em 2024. Desse total, 27 serão instalados em Minas Gerais, três deles na Serra de Igarapé, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), um dos trechos mais perigosos da rodovia.

No dia 20 de agosto, um grave acidente nesse local deixou oito mortos. Um ônibus que levava torcedores do Corinthians de volta para São Paulo após uma partida contra o Cruzeiro, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro, perdeu os freios e capotou várias vezes.

Conforme lembrou o deputado Lucas Lasmar (Rede), que solicitou a realização da audiência, esse trecho de 14 quilômetros de extensão é preocupante porque é sinuoso, com curvas fechadas em uma descida forte e tem grande volume de tráfego, especialmente de caminhões.

Por isso, o deputado também considera fundamental a implantação de uma rampa de escape na região. Essa estrutura consiste em um prolongamento da estrada, projetado para reduzir a velocidade dos caminhões em declives acentuados, evitando a ocorrência de acidentes graves.

A Arteris já pactuou com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a instalação de uma rampa de escape no km 525 da Fernão Dias, na altura de Brumadinho (RMBH). Segundo o diretor de Operações da concessionária, Ricardo Luís Silva, o projeto executivo já está sendo elaborado e a expectativa é de que ele fique pronto em meados de 2024. A construção da estrutura terá início após a aprovação da ANTT.

Acidentes tiram vidas e geram prejuízos
O deputado Lucas Lasmar ressaltou que os acidentes na Fernão Dias, além de tirarem vidas, causam transtornos para os motoristas e são um entrave para o desenvolvimento econômico de Minas Gerais. Ele lembrou que, em alguns casos, a rodovia chega a ficar interditada por até dez horas, para remoção dos veículos acidentados.

O caminhoneiro Daniel Reis de Paula, que preside a Cooperativa dos Amigos Transportadores de Oliveira (Cooperatro), cobrou melhorias na sinalização da rodovia, para reduzir os acidentes. Ele ainda reclamou da má qualidade do asfalto. “Se você anda na faixa da direita, desmancha o caminhão, porque sai voando peça pela estrada afora”, reclamou.

O diretor de Operações da Arteris, Ricardo Luís Silva, garantiu que a empresa tem como valor o respeito à vida e trabalha para reduzir os acidentes fatais na Fernão Dias. Ele disse que o número de mortes na rodovia foi reduzido pela metade entre 2010 e 2020, ano em que foram registradas 126 vítimas fatais. A concessionária trabalha para que esse número tenha outra redução pela metade até 2030.

Para isso, a Arteris trabalha em diversas frentes, como a implantação de passarelas e ações de conscientização de pedestres, para evitar atropelamentos. Além disso, a empresa implantou mais de 100 km de iluminação na rodovia, para oferecer mais segurança para usuários e moradores do entorno.

Ricardo Luís Silva disse que a concessionária tem consciência das condições da pista e está investindo R$ 200 milhões na recuperação do pavimento em 2023. Ele ainda afirmou que o excesso de peso dos caminhões precisa ser coibido porque contribui para a deterioração do asfalto e também pode provocar acidentes.

Segundo o coordenador substituto de Fiscalização da Infraestrutura Rodoviária da ANTT, Cláudio Renê Valadares Lobato, entre setembro de 2022 e agosto de 2023, a Arteris deixou de atender 61,6% das ocorrências de problemas na pista dentro do prazo regulamentar, o que motivou a aplicação de 38 autos de infração por descumprimento do contrato de concessão da Fernão Dias.

Deputado cobra melhorias na BR-381
Enquanto o trecho sul da BR-381 é totalmente duplicado, o trecho norte da rodovia, que liga Belo Horizonte a Governador Valadares (Vale do Rio Doce), é quase todo de pista simples e também apresenta altos índices de acidentes.

Segundo o deputado Celinho Sintrocel (PCdoB), até o final de agosto deste ano, já foram registrados 448 acidentes com 39 mortes nesse trecho, que tem cerca de 300 km de extensão. “Estamos há décadas reivindicando a duplicação da chamada Rodovia da Morte”, afirmou.

O parlamentar também cobrou a realização de uma obra para normalizar o tráfego na BR-381 no distrito de Cachoeira do Vale, em Timóteo (Vale do Aço). As fortes chuvas de janeiro de 2021 provocaram um deslizamento de rochas sobre a pista.

A coordenadora de Engenharia do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Tayane Aparecida Fernandes, explicou que o órgão está fazendo todo o esforço possível para concretizar as obras de recuperação desse trecho da rodovia.

De acordo com a coordenadora, o Dnit atua para manter as condições de segurança e trafegabilidade da BR-381 até a sua concessão para a iniciativa privada. O leilão da rodovia está marcado para o dia 24 de novembro, na B3, em São Paulo.