A hora do parto traz muita emoção para as famílias. No entanto, em alguns casos, os pais têm lembranças dolorosas desse momento. Foi o que aconteceu com Maycown Jhonnatan Cerqueira Baia, de 29 anos, e sua esposa, Gabrielle Ferreira Alves, de 23 anos. A bebê do casal, a pequena Isabella, teve o rosto cortado durante uma cesárea e ficou com uma cicatriz.
Natural de Manhuaçu, Maycown, que é empreendedor, conta que ficou muito abalado com a situação. “Dói, porque nós olhamos para o rostinho dela todos os dias, vemos a cicatriz e lembramos de tudo que aconteceu, da negligência e imprudência médica”, relatou o pai.
Quando a gestante começou a sentir as contrações, ela e o marido foram para o Hospital César Leite, em Manhuaçu. Apesar da dilatação aumentar rapidamente, os médicos não conseguiram fazer o parto normal. “Não tinha passagem [para o bebê sair]”, disse o pai. Diante desse quadro, a paciente foi encaminhada para a cesárea.
“Eu fiquei lá fora e quando me chamaram para assistir ao parto, ela já estava sendo operada”, recorda Maycown. Mesmo chegando um pouco depois, o rapaz ainda conseguiu acompanhar o nascimento da filha. “Eu vi que ela nasceu com o corte no rosto, estava bem aberto”, contou o mineiro, acrescentando que, rapidamente, um médico suturou o corte.
O rapaz ainda mais revelou que ficou muito abalado com a situação e sua esposa também. “Ela estava rindo e viu meu olho cheio de lágrimas. Ela não sabia que tinham cortado o rosto da nossa filha. Eu não esperava por isso. Foi muito triste, muito difícil para gente”, lembrou ele.
Após duas horas do nascimento da filha, Maycown viu a bebê e percebeu que o ferimento ainda estava muito evidente. Segundo ele, o corte precisou levar cinco pontos, porém, a suturação não parecia ter sido feita de forma adequada. Foi então que ele decidiu fazer um boletim de ocorrência e chamar a polícia. “Ninguém queria falar sobre o assunto no hospital”, o pai apontou. Após o ocorrido, ele também acionou a ouvidoria da unidade de saúde.
Depois da cirurgia, o pai também teve que lidar com o incômodo da recém-nascida com relação ao ferimento. “Quando minha filha bocejava, doía os pontos, mas não deram medicação para ela”, afirmou Maycown. Ele, então, pediu para que a bebê fosse examinada por um cirurgião plástico. Antes da avaliação do especialista, os pais foram orientados a ir a um posto de saúde após sete dias para a retirada dos pontos, no entanto, depois de uma nova avaliação, os planos mudaram.
“Eu falei para o cirurgião que os pontos tinham ficado muito grosseiros”, contou o empreendedor. Em seguida, o especialista decidiu tirar os pontos naquele mesmo dia. “Ele viu que tinha ficado um ponto muito feio e os tirou com menos de dois dias”, explicou o pai. Quando os pontos foram tirados, Maycown conta que a cicatriz da filha abriu. “Eles colocaram um esparadrapo e cicatrizou dessa forma”, disse.
O rapaz relatou que o ferimento da bebê, que hoje está com três meses, já fechou, porém, ela ainda tem uma cicatriz no rosto. “Agora, é esperar para ver se a cicatriz vai sumir e se, futuramente, ela precisará de uma cirurgia plástica. Não fica bonito a cicatriz no rostinho dela”, desabafou o pai. Inconformado com essa situação, Maycown procurou um advogado para responsabilizar o hospital pelo ocorrido. “Para não acontecer com outras pessoas”, afirmou ele.
A reportagem procurou o Hospital César Leite que enviou a seguinte nota com seu posicionamento:
Conforme verificado junto a área assistencial e jurídica, o Hospital César Leite adotou as providências necessárias e deu suporte imediato no caso com o atendimento de pediatra e de cirurgião plástico. O HCL busca sempre oferecer o melhor atendimento e é referência com sua maternidade. O hospital salienta que continua à disposição da família e da criança.
Informações: Revista Crescer / O Globo