O atual presidente brasileiro Jair Bolsonaro começou a noite de domingo com uma vantagem modesta de 8%, à medida que os resultados começaram a aparecer, mas ao longo da noite, Luiz Inácio Lula da Silva, Lula, lenta e constantemente cortou que levam. Às 20h, com 70% de reportagens, Lula assumiu uma ligeira vantagem sobre Bolsonaro, terminando com 48%, para 43,5% de Bolsonaro, um resultado significativamente mais apertado do que as pesquisas indicavam.
A recuperação da liderança por Lula foi reflexo de uma contagem de votos mais lenta vinda de estados menores do norte do país. Uma coisa, porém, ficou claro que as pesquisas estavam em sua maioria erradas, tendo dado a liderança a Lula desde o início da campanha presidencial.
Bolsonaro parece ter superado no sul e sudeste, indo particularmente bem no estado de São Paulo e em sua base de poder político no Rio de Janeiro. Minas Gerais, rica em votos, a segunda maior do país, foi muito disputada, com a liderança mudando várias vezes, mas finalmente terminando na coluna de Lula.
Lula teve um desempenho muito bom na tradicional base de poder do Partido dos Trabalhadores da região Nordeste ou “Nordeste”, acumulando grandes margens em estados como Ceará, Bahia e seu estado natal de Pernambuco.
Dado que nenhum dos candidatos obteve 50%, Lula e Bolsonaro agora se enfrentam no segundo turno da eleição, em 30 de outubro, quando disputarão os eleitores que apoiaram a terceira colocada Simone Tebet e a quarta Gomes.
Após os resultados das eleições, Bolsonaro se dirigiu à mídia e a um grande grupo de apoiadores em frente ao Palácio do Alvorado, em Brasília, criticando as principais empresas de pesquisa do país por oferecerem pesquisas muito diferentes dos resultados eleitorais.
Ele destacou particularmente o Datafolha, descrevendo a empresa líder em pesquisas como uma empresa que mente. Enquanto as principais pesquisas de opinião do Brasil previam principalmente uma vitória de Lula no primeiro turno e uma margem de vitória de até 17%, Lula acabou vencendo o primeiro turno por uma margem de 5 pontos, mas ainda ficando aquém dos 50% necessários para vencer uma vitória no primeiro turno.
Admitindo que sua campanha não chegou a todos, Bolsonaro deu a entender que, enquanto o Brasil enfrentava problemas econômicos durante a pandemia, as políticas propostas por Lula teriam um impacto ainda pior na economia brasileira.
O campo de Bolsonaro frequentemente reclamava que as pesquisas eram tendenciosas e falhas, e agora parece que eles tinham uma base legítima para fazê-lo. Os principais institutos de pesquisa do país, Datafolha, Quaest e IPEC, entre outros, certamente serão escrutinados no período que antecede o segundo turno das eleições no final do mês.
Para analistas políticos, os resultados do Brasil podem trazer à mente episódios como a surpresa de Donald Trump em 2016, a votação do Brexit e o referendo de paz da Colômbia em 2016. Os apoiadores de Bolsonaro provavelmente ficarão com raiva e terão ainda menos fé nas pesquisas do que antes. Eles podem ser justificados nesses sentimentos.
Como o analista político Cristian Derosa disse à Fox News Digital, “Agora não resta dúvida sobre o uso de pesquisas como meio de influenciar [o eleitorado]”.
O que fica claro com os resultados de domingo é que o Brasil continua sendo um país profundamente dividido politicamente. Apenas três dos 26 estados do Brasil representam 40% de sua população: São Paulo com 22%, Minas Gerais com 10% e Rio de Janeiro com 8%. Esses estados do sul são geralmente mais conservadores, enquanto os estados do nordeste se inclinam para a esquerda.
Bolsonaro e Lula são muito ideologicamente distintos, e os 156 milhões de eleitores do Brasil geralmente se dividem em linhas raciais, regionais, de gênero e idade que não são tão diferentes das dos Estados Unidos.
Quanto ao motivo pelo qual as pesquisas estavam tão distantes, existem muitas teorias.
O astro do futebol brasileiro Neymar há alguns dias pode parecer trivial, mas no Brasil, onde o “futebol” tem status quase religioso, seu apoio (pelo qual foi amplamente criticado nas mídias sociais) pode ter mudado alguns pontos na direção de Bolsonaro.
Derosa argumenta que provavelmente teve um efeito apreciável: “Nos últimos dias… Poderia ter feito muita diferença.”
O sistema político do Brasil é complicado por seu número muito grande de partidos políticos: 33 para ser mais preciso. Os partidos são famosos por alianças em constante mudança, e muitos dos principais políticos do Brasil trocaram de partido quatro a cinco vezes – ou até mais.
Embora Bolsonaro provavelmente enfrente uma batalha difícil no segundo turno, devido ao déficit de votos com Lula, havia outras boas notícias para o acampamento de Bolsonaro no domingo à noite.
Candidatos filiados a Bolsonaro se saíram bem nas eleições para governador e para o Congresso, nas quais os brasileiros elegem governadores em todos os 26 estados e em Brasília, 513 deputados federais (à Câmara dos Deputados) e um terço de seus 81 senadores, correspondendo a um para cada Estado.
O Partido Liberal de Bolsonaro ganhou 100 assentos na câmara para 79 do Partido dos Trabalhadores, e 13 assentos no Senado para os nove do Partido dos Trabalhadores, com outros partidos aliados, como o Partido Progressista e os Republicanos também se saindo bem.
Na eleição para governador mais importante do país, Tarcisio de Freitas, alinhado a Bolsonaro, parece pronto para derrotar o candidato do Partido dos Trabalhadores (e candidato presidencial de 2018) Fernando Haddad no segundo turno da eleição para governador de São Paulo no próximo mês.