Foto: Vale Divulgação / Reprodução - Área Vale

Um esquema criminoso envolvendo donos de pousadas do distrito de São Sebastião das Águas Claras, conhecido como Macacos, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, e pessoas desalojadas pela Vale, após risco de rompimento de barragem da empresa na região, pode ter causado um prejuízo de R$100 milhões à mineradora.

Segundo o delegado responsável pela investigação, Rodrigo Otávio, um esquema de rachadinha, que funcionou de fevereiro de 2019 a julho de 2022 envolvendo cerca de 250 pessoas. Até o momento, 41 já foram indiciadas, sendo quatro pousadeiros e 37 hóspedes.

“A mineradora pagava R$ 20 mil por cada núcleo familiar a pousada, além de R$400, em média, por dia, por cada pessoa para gastos extras com alimentação e lavanderia, entranto, as pousadas não forneciam esses serviços na realidade. Os desalojados, por sua vez, recebiam uma parcela inferior do valor pago para participarem do esquema.”, detalha.

Em 2019, a mineradora desalojou 250 pessoas de áreas de risco em caso de rompimento das barragens B1 e B2, da mina Mar Azul. O acordo firmado com Ministério Público de Minas Gerais estipulava o pagamento de hospedagem e alimentação e demais gastos dos envolvidos.

“Recebemos denúncias anônimas de que os pousadeiros estariam aliciando os desalojados para que simulassem a hospedagem, que deveria incluir serviços como limpeza de quartos e café da manhã, mas, na realidade, isso não acontecia. Os desalojados, não ocupavam as pousadas, alguns viviam com familiares ou em locais precários fornecidos pelos pousadeiros”, conta. “Além disso, os hóspedes assinavam comandas de gastos com alimentação, lavanderia, etc, que, deveria ter sido fornecidos pela pousada, mas que não ocorriam”, completa.

Ainda de acordo com o delegado, cada hóspede recebia um valor pelo esquema. Os valores variavam de R$1.500 a R$4.000.

“Indiciamos 41 pessoas, sendo quatro pousadeiros e 37 desalojados. Na operação, investigamos nove pousadas, e constatamos irregularidades em três delas”, afirma. As investigações vão continuar, segundo o delegado.