Foto: Instagram / Arquivo Pessoal

Arthur Abrantes já tinha feito história ao ser aprovado em sete universidades dos Estados Unidos com apenas 18 anos de idade. Agora, o recém-formado em Harvard, alcançou um novo marco: ele é o primeiro brasileiro negro a se graduar na super reconhecida e cobiçada faculdade americana.

“É uma universidade histórica. Várias pessoas muito importantes, como presidentes dos EUA e empreendedores reconhecidos, como Bill Gates e Mark Zuckerberg, se formaram lá. Foi uma oportunidade única”, disse o jovem de 25 anos.

Depois de seis anos, o mineiro, natural de Paracatu, a 502 km de Belo Horizonte, conseguiu levar a família pela primeira vez ao país para acompanhar a entrega do diploma em Computação. Ele dedicou a graduação a uma pessoa que lhe deu oportunidades de trilhar esse caminho, mas não conseguiu vê-lo receber o canudo.

“Eu dediquei ao meu pai. Ele faleceu em 2018 em um acidente de carro, quando eu estava no segundo ano do curso. Obviamente, ele não conseguir estar lá presencialmente. Então, eu achei justo dedicar o diploma, já que ele sempre me influenciou a estudar bastante, mesmo não tendo feito faculdade, nem se formado no Ensino Médio, porque teve que trabalhar”

Diante do feito, o jovem, que sempre estudou em escolas públicas brasileiras, reconhece a sua representatividade para outros jovens brasileiros que também sonham em ingressar em uma boa faculdade.

“É importante divulgar essas histórias. Há dez anos atrás, eu pensei que faculdade não era para mim. Muito menos no exterior. Mas vi em um exemplo que era possível. Então, alguém pode ver ou ler o meu processo e se sentir incentivado”, afirmou.

Arthur teve o curso todo custeado por Harvard. A universidade pagou, inclusive, as passagens aéreas para que ele chegasse aos Estados Unidos. Porém, antes de todo o processo, o mineiro precisou se tornar fluente em inglês, já que é uma exigência das instituições do país.

“Inglês é um requisito fundamental e a fluência é um critério das faculdades. E no momento que eu decidi que queria tentar, eu não era. Como eu estudava em uma escola integral, fazer uma escola de línguas seria muito difícil. Fora a questão financeira. Então, tive que começar a aprender por conta própria. Usei aplicativos, assisti vídeos na internet, séries, ouvir música, podcast. No final do Ensino Médio, eu já conseguia falar o suficiente para aplicar”, contou.

A vontade de ingressar em uma faculdade americana surgiu após o jovem ver uma reportagem na TV de uma brasileira que foi aprovada em Havard. Desde então, ele começou a estudar sobre as etapas de seleção. Durante essas pesquisas, Arthur chegou a um programa de orientação que o auxiliou no processo.

“Tem alguns programas do Brasil que dão essa mentoria para quem quer ingressar. Muito são pagos, mas alguns são gratuitos. Um desses programas, que foi o que eu fiz, é o “Estudar Fora”, da Fundação Estudar, que acontece anualmente e selecionam 50 jovens”, explicou.

Agora, o jovem vai continuar morando em Los Angeles, trabalhando como engenheiro de software em uma startup. Para o futuro, ele conta que seus planos são empreender e criar o próprio negócio, seja no Estados Unidos ou no Brasil. “Quero criar um negócio para resolver algum problema, não sei qual ainda, mas algo relevante que ajude as pessoas ou outras empresas”, disse.